No documento, o juiz também determina que seja revisto pela defesa do religioso o nĂșmero de testemunhas arroladas e nega, mais uma vez, o pedido de liberdade aos investigados. Padre EgĂdio de Carvalho Neto, ex-diretor do Hospital Padre Zé
O juiz da 4ÂȘ Vara Criminal de João Pessoa, José Guedes Cavalcanti Neto, marcou as primeiras audiĂȘncias de instrução dos processos em que o padre EgĂdio de Carvalho e as ex-diretoras do Hospital Padre Zé, Jannyne Dantas Miranda e Silva e Amanda Duarte da Silva Dantas (ex-tesoureira), são investigados por suspeita de envolvimento em esquema de desvio de recursos e fraudes na gestão do hospital, em João Pessoa.
A audiĂȘncia de instrução referente à Operação Indignos, que investiga desvios na gestão do hospital, serĂĄ realizada no dia 20 de maio, no Fórum Criminal de João Pessoa. De acordo com o documento, audiĂȘncia deve acontecer de forma presencial ou semipresencial, a depender da conveniĂȘncia das partes.
A justiça decidiu que a audiĂȘncia de instrução do processo em que padre EgĂdio é investigado por supostas fraudes na compra dos computadores serĂĄ realizada em 27 de maio. Nesse processo, também são investigados Amanda Duarte e o empresĂĄrio João Diógenes de Andrade Holanda, suspeitos de desvio de recursos pĂșblicos destinados à aquisição desses equipamentos.
Nas decisões assinadas nesta semana, o juiz nega, mais uma vez, o pedido de liberdade aos investigados. Em fevereiro deste ano, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou recurso movido pela defesa do Padre EgĂdio de Carvalho para que ele responda em liberdade.
No documento, o juiz também determina que seja revisto pela defesa do religioso o nĂșmero de testemunhas arroladas. "Não faz sentido a defesa arrolar pessoas diferentes para o mesmo tipo de crime, inclusive diversos polĂticos e padres, sem justificativa acerca da real necessidade dessas oitivas", afirma o documento.
O nĂșmero de testemunhas foi limitado a 16 pessoas, devendo o advogado indicar as que pretende que sejam ouvidas em audiĂȘncia de instrução. Em documento enviado à Justiça, a defesa do padre havia indicado 35 pessoas para serem ouvidas na audiĂȘncia de instrução.
Quando começou a investigação?
A operação 'Indignus' foi deflagrada na manhã do dia 5 de outubro, mas as irregularidades no Hospital Padre Zé começaram a ser investigadas quando mais de 100 aparelhos celulares foram furtados da instituição. Esse caso foi tornado pĂșblico em 20 de setembro. A denĂșncia, no entanto, foi feita em agosto e imediatamente um inquérito policial foi aberto. Um suspeito, inclusive, chegou a ser preso, mas responde em liberdade e cumpre medidas cautelares.
Padre EgĂdio deixou a direção do hospital logo após a denĂșncia sobre o furto de celulares. Os celulares foram doados pela Receita Federal, oriundos de apreensões, e seriam vendidos em um bazar solidĂĄrio para comprar uma ambulância com UTI e um carro para distribuição de alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade.
No desenrolar das investigações do furto, a Arquidiocese da ParaĂba anunciou que estava afastando o padre EgĂdio de qualquer ofĂcio ou encargo eclesiĂĄstico. Na prĂĄtica, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.
Após o furto dos celulares, uma denĂșncia anônima foi apresentada ao Ministério PĂșblico da ParaĂba apontado uma série de irregularidades na gestão do padre EgĂdio.
Na terça, 3 de outubro, uma força-tarefa composta por órgãos pĂșblicos da ParaĂba foi formada para investigar irregularidades no Hospital Padre Zé.
O Hospital Padre Zé, em João Pessoa, afirmou que constatou inĂșmeras dĂvidas que comprometem sua funcionalidade após avaliar a situação operacional, funcional, contĂĄbil e financeira da instituição. A gestão disse que a primeira providĂȘncia foi solicitar ao Ministério PĂșblico da ParaĂba uma ampla auditoria em todas as contas, contratos, convĂȘnios e projetos do hospital.
g1