
Na esquina das ruas Coronel Peba e Padre Rolim, no centro de Cajazeiras, segue de pé — ainda que parcialmente mutilado — o emblemático Casarão da Boa Vista, antiga residência do Coronel Zuca Peba. O prédio, embora modificado com o passar dos anos, guarda em suas paredes o peso da história política, econômica e social da cidade.
Erguido em um tempo em que a economia do algodão e da pecuária impulsionava o progresso do sertão paraibano, o casarão representa uma das últimas estruturas urbanas do período do coronelismo e das oligarquias sertanejas, que dominaram Cajazeiras por quase dois séculos. Era símbolo do poder rural, do domínio político e da opulência das famílias influentes da época.
Hoje, muito do que foi a estrutura original já não existe. A casa grande — localizada na esquina — ainda resiste. No entanto, armazéns, depósitos e áreas de serviço, que compunham os fundos do imóvel, foram demolidos ou adaptados para dar lugar a instalações comerciais. A justificativa: acompanhar o crescimento urbano e a lógica comercial da cidade moderna.
A descaracterização, embora justificada pelo desenvolvimento, expõe a fragilidade da preservação do patrimônio histórico. Segundo moradores e admiradores da memória local, o Casarão da Boa Vista poderia ter se tornado um centro cultural ou memorial, mas acabou sendo parcialmente engolido pela ausência de políticas públicas voltadas à preservação da história material da cidade.
A comparação entre fotos antigas e atuais revela o contraste: do casarão completo, restou apenas a fachada principal. O restante sucumbiu ao tempo e à negligência.
Mesmo assim, o velho casarão segue lutando contra o esquecimento, contra o concreto da pressa e da modernidade. É, para muitos, um símbolo de resistência, um lembrete de que toda cidade que despreza o passado corre o risco de perder o sentido do seu presente.
Fonte: TV e Portal Sertão