
João Pessoa (PB), 14 de abril de 2025 — Um relatório de auditoria técnica do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) revelou graves irregularidades no processo de nomeação de Alanna Galdino ao cargo de conselheira da Corte. O documento aponta que a indicada teria atuado como "funcionária fantasma" na Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) do Estado, além de não cumprir os requisitos legais para assumir o posto.
Alanna é filha do presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino (Republicanos). Sua nomeação foi aprovada pela ALPB no dia 18 de março, mas suspensa judicialmente em 3 de abril, embora a suspensão tenha sido revogada no dia seguinte. A auditoria, no entanto, reacende as críticas e amplia o debate sobre legalidade, transparência e nepotismo no processo.
Pagamento sem comprovação de trabalho
De acordo com a auditoria, Alanna Galdino esteve nomeada em cargos comissionados no Governo da Paraíba entre 2012 e 2017 e, posteriormente, de 2019 até março de 2025. Nesse período, teria recebido R$ 646.972,40 em salários, sem qualquer registro de prestação de serviços.
"Não há, na SEPLAG, qualquer registro documental que comprove a prestação de serviços por parte da ex-servidora", destaca o relatório, que também menciona a ausência de cadastro nos sistemas oficiais da secretaria.
Falta de qualificação para o cargo
Outro ponto crítico do relatório é a ausência de comprovação dos requisitos constitucionais para ocupar o cargo de conselheira do TCE. Apesar de possuir diploma em Direito, Alanna não apresentou provas de experiência prática nas áreas jurídica, contábil, econômica, financeira ou de administração pública, como exige a Constituição.
Os auditores citam a existência apenas de cursos de curta duração e especializações iniciadas recentemente, o que não se enquadra como experiência técnica ou notório saber.
Nepotismo e rito acelerado
A auditoria também questiona a atuação direta do presidente da ALPB, Adriano Galdino, na articulação da candidatura da filha, apontando possível nepotismo direto. Além disso, os auditores veem indícios de nepotismo cruzado, uma vez que Alanna também ocupava cargo no Executivo estadual.
O rito de escolha da conselheira também foi considerado apressado e pouco transparente. A tramitação durou apenas 13 dias, sem a realização de sabatina pública, e com apenas uma candidata inscrita: Alanna Vieira.
Recomendação e próximos passos
Diante das irregularidades, a auditoria técnica recomendou:
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Concessão de medida cautelar para suspensão da posse até julgamento final;
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Encaminhamento do caso ao Ministério Público Estadual para apuração de improbidade administrativa e possível dano ao erário.
O julgamento está previsto para ocorrer no próximo dia 23 de abril, sob relatoria do conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho. O Ministério Público de Contas também se posicionou contra a indicação, reforçando que Alanna não atende aos critérios constitucionais.
A reportagem aguarda manifestação da Assembleia Legislativa da Paraíba e da assessoria de Alanna Galdino.
Fonte: TV E PORTAL SERTÃO