Um velho amigo, portador de uma sabedoria imensa, a quem sempre recorro para beber lições em sua inesgotável fonte, disse-me recentemente que o voto mais seguro é o do ódio. E me explicava. Quando um eleitor diz: eu não voto em fulano porque tenho um verdadeiro ódio a ele, já é a certeza de que o seu adversário é o escolhido para ganhar o seu voto e sem perigo de reversão.
Isto é muito comum em cidades, digamos do porte de Cajazeiras, onde a política partidária é exercida de maneira mais forte e mais vibrante, aonde vizinhos, parentes e amigos fraternos chegam a se intrigar antes, durante e depois da rinha eleitoral.
Quem tem a felicidade de não se envolver na campanha e ficar como simples observador está constatando um fato inusitado e deveras estranho na cidade de Cajazeiras. Depois de proclamado o resultado das urnas da eleição de prefeito, poucos eleitores, mas pouquíssimos mesmos "desceram do palanque". Observa-se um divisor de águas nunca visto na história política de nosso município. A campanha continua vivíssima.
Nos bares, nas esquinas, nas bocas malditas, em reuniões de família, em festas de casamento, de batizado, de noivado e aniversário, tem sempre um grupinho se deleitando com as fofocas, futricas, intrigas e traições do mundo político de Cajazeiras.
No momento o comentário maior é em torno de quem vai trair quem. Os nomes dos quem vão trair e ser traído vão passando de boca em boca, isto faltando meses para que os brasileiros escolham os seus futuros representantes para a Assembleia Legislativa e Congresso Nacional, o presidente e o seu governador.
Ninguém consegue fazer uma "amarração" política e as dúvidas levam sempre a possíveis fissuras nos dois principais grupos políticos, liderados por Chico Mendes, hoje na oposição e Zé Aldemir na situação. Que alianças serão formadas, em que palanques subirão as nossas lideranças? Quem terá a grandeza e o desprendimento de estender a mão para a concórdia e a união?
Este ano político termina indefinido, mas nenhum eleitor deixou de ter, na sua essência, um pouco de paixão, de amor e ódio e sempre desejoso de temperar a política com uma boa dose de traição que é o ingrediente mais gostoso da política.