Finalmente alguém neste país conseguiu enxergar que os programas de desenvolvimento econômico não tinham que contemplar necessariamente áreas das grandes cidades e metrópoles brasileiras em detrimento dos grandes rincões sertanejos. Inauguramos uma era em que a mudança do eixo do desenvolvimento do país mira um novo rumo quebrando paradigmas até então irrefutáveis sobre conceitos que estabelecem normas e diretrizes para os maciços investimentos que alavancam o desenvolvimento nacional.
Esta mudança não surgiu por acaso, a saturação e o crescimento desordenado das grandes metrópoles brasileiras forçaram a tomada deste novo norte como uma forma de aliviar a pressão social e urbanística nestes centros. Foram estas fortes e robustas constatações que apontaram uma saída: a interiorização do desenvolvimento.
Evidente que não se trata de reinventar a roda, esta tese permeia quase todos os compêndios de economia, a novidade aqui é que, até que enfim, o Governo Federal sai da teoria lançando o programa "Cidades Intermediadoras para o Desenvolvimento Regional" um projeto revolucionário para efetivamente reduzir as desigualdades intrarregionais e inter-regionais, gerar riquezas e promover transformação social por meio de um crescimento econômico sustentável.
Desenvolvido pelo Ministério da integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), o "Cidade Intermediadoras", foi calcado em três gargalos fundamentais a serem superados: urbanização precária, integração produtiva e ofertas insuficiente de serviços públicos. O programa propõe reduzir os fatores locais que estão associados às desigualdades socioeconômicas entre os municípios de uma mesma região além de promover a interação, em rede, destas cidades que atuam como intermediadoras de bens e serviços públicos.
Definidas pelas funções relevantes que desempenham para o desenvolvimento do seu entorno imediato ou das regiões onde se encontram encravadas e nem sempre pela sua densidade populacional as Cidades Intermediadoras surgiram a partir de um recorte territorial das Regiões Imediatas (RI) de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) denominada, Regiões de Influência das Cidades (Regic).
Foram escolhidas em todo Brasil, nesta primeira etapa do programa, 26 Cidades Intermediadoras que engloba 258 municípios onde a cidade intermediadora é denominada de município-vetor da região imediata. A sustentação financeira do programa vem de fundos de investimentos internacionais, fundos setoriais, agências de fomento, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Caixa econômica e Banco do Brasil além do apoio das Superintendências do Desenvolvimento da Amazônia, do Centro-Oeste e Nordeste e do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud).
Na Paraíba, somente a Região Imediata (RI) de Cajazeiras no Alto Sertão foi inserida no programa que contemplou 12 municípios (Bom Jesus, Bonito de Santa Fé, Cachoeira dos Índios, Cajazeiras, Carrapateira, Monte Horebe, Poço José de Moura, São João do Rio do Peixe, Santa Helena, São José de Piranhas, Serra Grande e Triunfo). Uma virada de chave que tem que ser comemorada, pois, depois de décadas de abandono e atraso um programa coloca o Alto Sertão da Paraíba na rota dos grandes projetos estratégicos de enfrentamento dos desníveis econômicos regionais.